domingo, 6 de outubro de 2013

COMO DEVEMOS PENSAR A ILUMINAÇÃO DE IGREJAS? 
Parte 1


Por Teresa Cristina Cavaco Gomes
Arquiteta e Especialista em Iluminação


Inicialmente é preciso entender-se que na Igreja Católica, o espaço celebrativo litúrgico de uma comunidade é um lugar de culto onde acontece a celebração cristã católica da Santa Missa (o Mistério Pascal da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo) e dos sacramentos, todos através da liturgia. Este espaço é simbólico e representa um mundo sagrado (portanto não profano) e, para isto, a experiência do povo de Deus (assembléia cristã) que participa da celebração deve ser incomum, algo superior, que indica o “Mistério”. 

A palavra liturgia tem origem grega e etimologicamente significa obra, serviço do povo, ação. É na liturgia que se define toda a ação da Igreja e é através dela que a Palavra (de Cristo) e os sinais visíveis (linguagem simbólica) apontam o mistério de Deus. 

As celebrações da Igreja são repletas de símbolos e ritos (ações litúrgicas). Os símbolos estão presentes na arquitetura, nos gestos, na música, nas imagens, nos objetos, nas palavras, etc. e, assim como os ritos, com seus sentidos simbólicos, orientam para o transcendente, comunicam uma realidade invisível. Neste sentido, a arquitetura, seja pela forma, pelo mobiliário, pelos materiais, pelos objetos, pelas pinturas, pela iluminação e pelos demais elementos que compõem o espaço, deve estar em harmonia para que o fiel viva a experiência da mistagogia. 

Assim, o uso da luz no espaço sagrado, tanto na sua forma simbólica, como na de destaque ou funcional tem um papel importante. É através da iluminação que alguns elementos do espaço poderão ter maior enobrecimento, contribuindo na criação de um ambiente mistagógico, ou seja, que conduz através do mistério. Para que se faça bom uso da luz nos espaços celebrativos litúrgicos das igrejas católicas, é necessário compreender a liturgia da Igreja, a Sagrada Liturgia. 

Com o conhecimento dos elementos importantes e essenciais dos espaços celebrativos, dos seus significados simbólicos, de como transcorre uma celebração entendendo-se sua essência e, sobremaneira, vivendo-se o Mistério Pascal, é possível projetar a iluminação atendendo as necessidades, mas também contribuindo, através da luz, para que o espaço conduza ao objetivo de sua existência. 

Na Igreja do Senhor Bom Jesus, a luz foi projetada de forma, justamente, a contribuir com a celebração. Utilizando-se de luminárias embutidas ao forro, a iluminação geral e de destaque proporciona a adequada iluminância à assembléia reunida e permite o foco na centralidade do que se celebra.

Os vitrais e o bonito forro de madeira existentes na igreja foram valorizados e o projeto buscou ainda elementos de iluminação que não interferissem negativamente no espaço sagrado.

Algumas luminárias que já estavam em uso foram reaproveitadas e ajustadas para a nova função e o acesso todo o sistema foi criado de forma a facilitar a manutenção, dispensando andaimes e escadas para vencer grandes alturas.








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