quinta-feira, 25 de julho de 2013


Iconografia e Edifícios e Obras de Arte de Valor Histórico-Cultural

Por Teresa Cristina Cavaco Gomes


A iconografia do espaço sagrado de uma igreja (arquitetura, imagens, pintura,  vitrais, decoração) deve refletir harmonia, equilíbrio, unidade, pois é  a extensão do que se celebra, é mistagógico e auxilia a conduzir ao mistério.

A arte sacra (citemos aqui, de culto), diferente da arte religiosa (citemos, de devoção)  é a arte que está a serviço da liturgia, leva ao transcendente e está toda ela  fundamentada na Sagrada Escritura. Já a arte religiosa expõe a interioridade do artista, o que ele imagina de algo. Não conduz ao mistério. 

Segundo a Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia, a arte sacra deve exprimir de algum modo, nas obras saídas das mãos do homem, a infinita beleza de Deus com a finalidade de conduzir piamente da melhor forma possível, através das obras, o espírito do homem até Deus. Diz ainda que as obras devem estar de acordo com a fé, a piedade e as orientações veneráveis da tradição e que melhor possam servir ao culto católico, à edificação, piedade e instrução religiosa dos fiéis. As obras que ofendam o genuíno sentido religioso, pela depravação da forma, insuficiência ou falsidade artística sejam, ao cuidado do bispo, retiradas da casa de Deus. São aceitos os estilos de todas as épocas, segundo a índole, a condição dos povos, região e as exigências dos ritos.

A Instrução Geral sobre o Missal Romano orienta que, seguindo a antiqüíssima tradição da Igreja, que as imagens sagradas do Senhor Jesus Cristo, da Bem-Aventurada Virgem Maria e dos Santos sejam legitimamente apresentadas à veneração dos fiéis nos edifícios sagrados e estejam dispostas de modo a conduzir os fiéis aos mistérios da fé que ali celebram. Que estas não estejam em excesso e desordenadas evitando assim o desvio de atenção dos fiéis à celebração. O documento ainda orienta para evitar a repetição no uso de imagem de santos e que a ornamentação e disposição das imagens na igreja favoreça a sua beleza e dignidade. A figura do Cristo é sempre a principal e a imagem de Maria e do(a) padroeiro(a) vem em segundo plano remetendo a Cristo. 

Em igrejas já existentes e tombadas pelo patrimônio histórico (em qualquer esfera) ou reconhecidamente de valor artístico ou histórico, devem ser preservadas e conservadas tanto sua arquitetura como qualquer obra de arte  à ela integrada (esculturas, imagens, pinturas, móveis, objetos etc.), devendo ser avaliada sempre pelo bispo e profissionais especializados em artes, arquitetura e restauração quanto ao respeito à expressão e história daquele lugar, daquele povo.

quarta-feira, 10 de julho de 2013


Arte Sacra: Instrumento da Fé

Por Tobias Bonk Machado


A arte sacra, muito mais do que uma forma de expressão, tem a missão de de representar a Verdade. Seja pela arquitetura, pintura, escultura, música, textos etc. ela deve conduzir os fiéis ao Transcendente.

Diferentemente da arte religiosa, a arte sacra é atribuída de profunda sabedoria e fundamentação litúrgica e deve evocar e glorificar o Mistério de Deus, beleza excelsa de verdade e de amor.

Desde os primórdios do cristianismo, a arte estava presente como forma de representação para difundir a mensagem de Cristo e reconhecimento de e entre cristãos.  Inicialmente, a arte paleocristã trazia consigo inscrições e imagens bastante simplificadas, simbolizando Cristo por animais, pela natureza e, também por utensílios como, por exemplo, o peixe (em grego, Ichtus,  que, entre outras razões, perfaz as iniciais de Jesus Cristo Filho de Deus Salvador) e a âncora (esperança na promessa divina) e tantos outros. Elas eram principalmente inseridas nas catacumbas de cristãos, em túmulos subterrâneos.

Com o Édito de Milão, em 313, e a liberdade do cristianismo,  e pouco tempo depois, em 380, com a oficialização do cristianismo como religião do imperio romano, a arte cristã, em suas diversas formas de expressão, pode ser definitivamente difundida. A começar pela construção de edificações específicas ao culto. Enquanto no princípio do cristianismo a celebração eucarística era realizada em cavernas, em locais de reunião e edificações domiciliares [domus ecclesiae], agora ela teria edifício próprio, mesmo que adaptado de um prédio civil já existente, utilizado para outro fim. Assim, também, as demais formas de expressão foram sendo produzidas em maior escala. A elas não eram atribuídas a autoria, fato que só viria a ocorrer efetivamente um milênio depois.
Alguns séculos mais tarde, com a formulação dogmática da doutrina cristológica, a arte cristã passaria a refletir a dimensão humana de Cristo. Todavia a utilização das imagens sacras nas comunidades cristãs passaria a ser coibida. Era a iconoclastia, movimento político-religioso contrário à utilização de imagens que se estendeu até o ano de 842 quando a Imperatriz Teodora decretou o restabelecimeto definitivo do culto dos ícones.

Sim, a veneração do ícone está diretamente atrelada a quem nele é reproduzido e por isso, de fato, a arte sacra tem a finalidade de evangelizar. E mais: pela encarnação de Cristo, a arte oportuniza ao fiel vivenciar, por meio visível, o invisível. Assim como o sacerdote explana a sagrada escritura por palavras, o artista seja ele pintor, escultor, arquiteto etc., pelas formas e representações. O que muda é apenas o sentido: enquanto para um é a audição, para outro, a visão. E aí, no campo das artes, todo o arcabouço da simbologia oportuniza um enriquecimento teológico de forma a auxiliar o fiel em sua vida espiritual, de oração, de fé.

Assim, a iconografia [(do grego eikón: imagem; graphia: descrição) portanto “descrição, representação da imagem”] sagrada, tem por foco dar forma - utilizando-se de símbolos - à realidade transcendente, por meio das artes. Tudo está envolvido: cores, traços, forma, posicionamento. Catequética, em tudo há significado e, assim, contribui à meditação.

Por fim, a arte como expressão única do artista, sem relação com o mundo divino não vem ao encontro da missão da Igreja. Ao contrário, a arte para ser sacra, como mencionado por João Paulo II em Carta Apostólica, “deve tender a proporcionar-nos uma síntese visual de todas as dimensões da nossa fé”. Ou seja, deve ser instrumento que conduza o fiel ao espírito de oração, à exprimir a fé, a esperança, no entendimento de que o Senhor está presente na sua Igreja.

FORMAÇÃO EM ARQUITETURA SACRA, LUZ E LITURGIA.

 ARQUITETURA, LUZ E LITURGIA No próximo dia 06 de maio de 2019 estaremos na Paróquia São Grato para conversarmos sobre Arquitetura S...